Vinte e, três letrinhas …

O relógio marcava uma hora tardia, quando exausta e, sonolenta aconcheguei-me no sofá adornada pela minha manta axadrezada.

Uma luminosidade ténue e, delicada antevia-se pelos estores da sala. A noite iluminada pela lua e, suas estrelas conselheiras cumulativamente ao candeeiro exterior emanavam uma luz tenue e, perceptível dos objectos e contornos da sala.

A luz de presença era assim um agasalho na escuridão do meu pensamento. Dobrei as pernas de lado, recostei-me, e, levei aos lábios a chávena de chá “príncipe” que fumegava e, anteriormente por mim tinha sido preparada. Por entre um sopro e, outro o aroma e, odor acarinhavam, semelhantemente, a minha alma.

Depois, vagarosamente, coloquei a chávena de lado, peguei a almofada de cetim acetinada e, delicadamente coloquei-a debaixo do meu semblante. Deitei-me. Os olhos exaustos, traquinas e, irrequietos abriam-se e, fechavam-se a meu contragosto… O corpo exausto rebolava de um lado para o outro e, o sono persistia em não chegar.
Minutos depois, o cansaço quebrou-se e, um sono profundo encetou-se.

Vagarosamente, e, lentamente imensas letrinhas do alfabeto atropelaram-se e, evidenciaram-se nos quadradinhos pretos, cinzentos sob a manta axadrezada …

O “A” amoroso encetou a caminhada, perseguido pelo “B” bem estar foram os primeiros a chegar. Um “C” calorento, roçou o meu rosto exausto e, o “D” despertou-me por diminutos instantes …

“E” encantador, apercebendo-se da minha inquietude solicitou ao “F” fenomenal que acompanhado pelo “G” gigante e, robusto me tranquilizassem. O “H” histérico franziu o sobrolho e, num timbre de voz alta e, autoritária demandou às traquinas letrinhas que serenassem e, permitissem o meu sono descansado.

A caminho … o “I” indomável apiedou-se, e, questionou o “J” jovial, se o “L” lembranças, de “M” momentos passados continuavam a inquietar-me … ou se seriam apenas as letrinhas recentes a molestar-me. O “N” não respondeu mas preocupado ao “O” obsequiou com a pergunta formulada.

Surpreendentemente, o “P” paz, celebrizou-se e, pegando no “Q” querer informou que as próxima letrinhas iriam relevar a solução articulada. O “R” realidade baralhou-se e, logo, logo ao “S” sábio suplicou o auxílio para a resposta rogada. O “T” tranquilidade observou-me e, uma dúvida assolou-o, num ímpeto, demandou o “U” único, replicar. Surpreendido, este, voltou-se e, anteviu o “V” vitorioso. Sorridente e, sapiente da resposta, comunicou que a intranquilidade sentida era apenas momentânea pelo desassossego das vinte letrinhas que desejavam brindar com a serenidade rainha que a meu lado no sofá jazia.

Inesperadamente, despertei do sonho auferido, pela luminosidade do dia. Tacteei, ao meu redor e, surpreendentemente, observei, duas letrinhas rebeldes e, ariscas. Um olhar mais atento inquiri?! O “X” e, o “Z” o que faziam ali?!

Um olhar prolongado e, alargado … Teria sonhado?!
Sonolentamente, levantei-me e, o dia encetei-o, agradavelmente.

Comentários

  1. Criação digna de alguém que "baila" com as letras, tranformando-as em palavras e consequentemente, em grande composição poética.
    Regidas com maestria executam movimentos perfeitos.

    Bjs.

    ResponderEliminar
  2. CONVITE VIP
    Olá, querida Ana
    Passa amanhã em meu Blog... dia 01/10... a partir das 10h... e não teremos hora para acabar a festividade...
    Oferecei um coquetel de 7 botões de rosa orvalhada...
    Não falte, vai me fazer MUITO feliz e desejo fazer-lhe também.
    Abraços fraternais

    http://espiritual-idade.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  3. Muito lindo, Ana!
    Não só este post, como todo o blog.
    Adorei!
    Virei sempre!
    Abraço.

    ResponderEliminar
  4. Guará Matos,
    Perdoe-me o atraso no seu comentário.

    Sinto-me lisonjeada, agradecida e, feliz pela suas doces palavras.

    Ana

    ResponderEliminar
  5. Orvalho do Céu,
    Lisonjeada com o seu convite VIP.

    Tentei a minha presença no seu coquetel de 7 botões de rosa orvalhada, no entanto, e, lamentavelmente, fiquei privada. (Não consigo visualizar).

    Um bouquê de malmequeres em oferta ao seu terno e, doce convite.

    Ana

    ResponderEliminar
  6. Zélia Guardiano,
    Agradecida e, feliz com a sua estadia no meu Ballet de Palavras.

    Volte,sim.
    Será um imenso prazer para mim.

    Um delicado e, tenue final de dia para si.

    Ana

    ResponderEliminar
  7. Olá, passando para retribuir a ilustre visita ao meu blog... Gosto muito desse espaço (apesar de aparecer comentários meus por aqui). Recentemente, durante a visita de meu 'amor' a minha cidade, fiz também uma brincadeira com o alfabeto, tal como esta, mas... acho que precisarei da ajuda 'dela' para lembrar-me. Foi um repente..saindo... que pena.
    Aqui um espaço onde realmente a alma dança...baila...em meio a letras e palavras.
    bjs
    Julio

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Ballet's Mais Admirados