Queridos avozinhos

Quanto tempo! O tempo que passa veloz e, perceptível pelos ponteiros do relógio da vida.

Sabem?! Às vezes penso como será o tempo ai?! Ágil ou sedutoramente pachorrento. Por vezes fico lembrando do tempo ... do nosso tempo. Muitas vezes, narro e, conto no tempo presente as lembranças que o tempo não apagou das minhas memórias.

Aqui os dias e, as noites continuam quentes, outras, deliciosamente frias. É?! Eu sei?! Estão sorrindo, os dois! É verdade existem deleites que o tempo não permuta e, o meu gosto pessoal pelo tempo agreste, tempestuoso e, nebuloso permanece.

Ultimamente, a vossa lembrança persiste incessante, a época natalícia aproxima-se e, a saudade torna-se tempestuosamente agreste. Rememoro, nostálgica os doces e, ternos natais que passámos juntos. Os delicados e, sumptuosos preparativos e, da nossa majestosa árvore de natal. Aquela que nomeamos de "Rainha" aformoseada pelas suas aias (luzinhas surpreendentes), do presépio majestoso no canto principesco da nossa sala e, das melodias natalícias que ecoavam pela nossa casa.

Dos nossos diálogos, sentada e, acomodada no teu colo avozinho, na presença sorridente da avozinha em que meditavamos naquele menino pobre que nascera numa manjedoura e, que nos recordava que o ser humano vale pelo que faz e, não pelo possuiu.

Sinto saudades das nossas noites de consoada. Do requintado adorno da nossa mesa de jantar e, do delicioso manjar de bacalhau que a avozinha preparava e, nós dois tanto apreciavamos.

Semelhantemente, sinto saudades da inquietação que brotava do lado esquerdo do meu peito - o coração - expectante pelas oferendas de Natal. Do beicinho que animava os meus lábios na véspera de Natal ao deitar, dos beijinhos ternos auferidos, do aconchego dos meus cobertores, dos sorrisos e, da promessa que os nossos sapatinhos apensos na chaminé da nossa cozinha os presentes pela alvorada iriam encontrar-se. Talvez o não saibam ou talvez sim ?! Mas essa noite de Natal era intranquila, para mim, após a vossa deita levantava-me devagarinho incessantes vezes e, pela porta da cozinha espiava os nossos sapatinhos na expectativa de ver o Pai Natal descendo e, colocando vagarosamente, e, silenciosamente os nossos presentes, e, no entretanto exaustamente adormecia.

No dia seguinte despertava com os vossos beijinhos de bom dia e, a caminha repleta de presentinhos ... Sorriamos, gargalhavamos e, depois corriamos os três para a cozinha e, ficávamos extasiados a observar os sapatinhos colocados na chaminé da cozinha adereçados por mais presentes ... os que nomeavamos, especiais, lembram-se?! Semelhantemente, aquele presente que auferi ... a minha caixinha de música que detém a bailarina e, que sumptuosamente se detém ainda, nos dias de hoje, num lugar soberano do meu quarto.

Sabem avozinhos?! Hoje, em dia não é mais assim. Os sapatinhos que habitualmente colocavamos na chaminé da cozinha foram suprimidos. Hoje, são colocados juntinhos da árvores de Natal e, os meninos e, meninas escrevem cartas ao Pai Natal e, confessam aos seus pais os seus presentes desejados. E, é na véspera de Natal antes da hora do dormir que seus dóceis corações se aceleram na descoberta dos presentes desejados. Também continuam a existir aqueles meninos e, meninas que esperam e desesperam pelo desejo de um presente especial .... o seu.

Avozinhos?! E, aí, no Céu? Também é Natal?! De certo, sim! Gosto de imaginar-vos, saltitando e, passeando de nuvem em nuvem de algoadeiro branquinho, vagarosamente,  juntinhos, de mãos dadas e, ou enlaçados, sorrindo e, sentindo eterna felicidade.

Um doce, terno, saudoso beijinho e, um laço apertado ...  Feliz Natal, queridos avozinhos são os desejos da vossa neta que vos ama tanto!

Ana

Comentários

  1. Olá, querida

    " Das alturas orvalhem os céus,
    E as nuvens que chovam justiça,
    Que a terra se abra ao amor
    E germine o Deus Salvador"...



    Fico tão sem palavra para agradecer o carinho imensurável com que me cumula ao longo do ano que só posso lhe dizer que te amo fraternalmente...
    Seja muito abençoada e feliz, amiga!!!
    Bjm de paz e FELIZ NATAL... apesar de qualquer vestígio de dor em seu coraçãozinho....

    "Quando eu estiver contigo no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes,

    e então saberás que eu me feri e também me curei."

    (Tagore)

    P.S. Meus vovós, especialmente minha avós... eram doces pra mim...

    ResponderEliminar
  2. Orvalho do Céu,
    Suas palavras melodiosas aconchegam o lado esquerdo do meu peito ... o coração.

    Eternamente, agradecida.

    Um laço carinhoso de mim para si.

    Ana

    ResponderEliminar
  3. Bom dia.

    Muito bons: o seu texto e o seu blog. Sua prosa, bonita e suave, nos leva à profunda reflexão. Ao que me parece, o tempo é sempre nosso maior inimigo. Parabéns. Virei aqui mais vezes para apreciar seu belo espaço.


    Feliz ano novo!
    Grande abraço.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Ballet's Mais Admirados