Permaneço por detrás da vidraça da minha sala

Olhos aquietados no horizonte e, memorizando acções passadas. Por vezes, um sentimento nostálgico se senta do meu lado, outras vezes, um sentimento aprazível se acomoda de mão dada comigo.

A idade de hoje permite-me de uma forma sublime um entendimento sereno da vida.

Há medida que os anos passam, requintadamente, constato que o apreço por mim e, por quem me rodeia fortalece-se no reverso ao sentimento condescendente que enaltece-se no lado esquerdo do meu peito. A exigência vagarosamente e, debilmente aquiesce ao sentimento critico.

Os anos passam e, observo no meu rosto o aparecimento de tímidas ruginhas que relembram com deleite os anos transactos, os cabelos outrora loiros, revoltos e, neste instante, branquinhos mesclados permitem-me escolher a coloração a meu belo prazer. O rosto nu de antigamente privilegia de ternas e, doces carícias dos cremes de dia e, de noite que o acariciam. As minhas mãos esguias, cuidadas, ornamentadas por delicados adornos denunciam tarefas passadas e, simultaneamente as carícias sentidas e, oferecidas. O corpo veloz de antes se transmuta, vagarosamente, num corpo carente e, fragilizado que detenho e, que me exige e, impõe um aprazível carinho acrescido.

E, no entretanto, é o requinte de alma possuído de lembranças passadas e, o desconhecimento dos dias sequentes que seduz, encanta e, apaixona a minha vivência e, agasalha o envelhecimento do meu corpo e, alma, similarmente.

Um dia disseram-me … “ A velhice é um aprendizado de vida, quanto maior são os anos de vivência maior a sapiência e, entendimento da vida. Vive e, aprecia-a. Sê feliz.”.

Hoje, a nostalgia se irrequieta por detrás da vidraça da minha sala e, do meu lado pela saudade que sinto, no mesmo instante, um sorriso terno de mão dada acresce em mim, pelo previlégio e, prazer de ter perfilhado, partilhado e, apreendido com uma doce senhora a essência que fui, sou e, transmito.

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