Na cómoda do meu quarto
Quando acaricio a corda traseira e, desabotoo-o a gaveta primeira desnuda-se uma delicada bailarina que baila ao som de uma terna melodia. Entre os seus delicados passos, o meu olhar e, sentido atento aplaudem aprazivelmente o eco melodioso que dela emana.
O silêncio é assim desnudado e, trajado requintadamente.
Vagarosamente sento na senhorita apensa do meu lado e, observo-a prolongadamente, silenciosamente, e, delicio-me em cada rodopio que a doce bailarina emana.
Vagarosamente sento na senhorita apensa do meu lado e, observo-a prolongadamente, silenciosamente, e, delicio-me em cada rodopio que a doce bailarina emana.
Depois, cerro os olhos e, deixo-me embalar melodiosamente pela doce melopeia… Memórias doces e, longínquas se enaltecem no meu pensamento. Reminiscências trajam nostalgicamente o meu consciente e, a saudade desnuda o lado esquerdo do meu peito. A nudez traja-o assim arrojadamente no que sou e, do que sinto.
Desnudada evoco, semelhantemente, o tempo que passou e, timidamente desejo o tempo que ainda não vivi … Nostálgica detenho-me nos laços que recebi, ofertei e, afortunada encanto-me nos que ainda não auferi e, ofereci... nas palavras que proferi e, nas que enunciarei, nas acções que pratiquei e, nas que ainda não exerci …
Imóvel, certifico o instante … O passado saudoso, o presente sussurrado e, o futuro ambicionado.
Ana,
ResponderEliminarLindo seu texto .
E também sigo ambicionando o futuro
que já se faz presente ...
Bjo.
Malu,
ResponderEliminarFeliz pelo sentimento que assola o lado esquerdo do seu peito.
Um laço de agradecimento pela sua visita.
Ana
Alguém assim escreveu:
ResponderEliminar"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca ditas, prestes quem sabe a serem ditas. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."
(Clarice Lispector)
....
E...
No rodopiar da bailarina, pedimos futuros dançarinos, melodias de tom celestial, tempos a desenhar porvires em crescendo, como um bolero (seja de Ravel ou qualquer outro), ao compasso dos mitos e dos ritos.
E num ritual diário cerramos os olhos e, simplesmente, achamos que sonhamos.
José,
ResponderEliminarClarice Lispector era uma diva das palavras. Uma referência suprema alojada no lado esquerdo do peito por quem semelhantemente é apaixona por letras.
Profundo e, lindíssimo o excerto que o José brindou-me.
E...
No rodopiar da bailarina entre lembranças, rememorações, atendemos sons melodiosos que pincelam mitos que sonhamos e, desejos, anseios que concretizamos.
Ana