Hoje


 
 
O dia despertou da noite lacrimoso e, despertei com a nostalgia do meu lado. A carência e, a inércia era semelhantemente o trajo que cobria o meu corpo e, a minha alma. Declinei o corpo de lado e, abracei a minha almofada. Cerrei o olhar e, memorizei o teu semblante docemente envelhecido e, belo. O timbre da tua voz serena e, as tuas mãos afetuosas, doces e, suaves.
 
Saudades, sim! Saudades do teu sorriso e, do teu olhar intenso e, inigualável. Sabes?! Gostaria de confessar-te que os anos da tua ausência minimizaram o dolo causado no lado esquerdo do meu peito - o coração - mas o tempo apenas intensificou o nosso amor declarado.
 
Recordo a data do "teu" último aniversário. A lembrança desejada, apetecida e, ofertada. Recordas-te ?! A melodia ecoada, os aplausos que adornaram o teu sorriso majestoso, o sopro das tuas oitenta e, duas velinhas e, o teu agradecimento enunciado num timbre de voz rouco e, emocionado.
 
No dia de hoje, imagino, a comemoração do teu aniversário junto do avozinho passeando de mãos dadas, saltitando de nuvem em nuvem de algodoeiro branquinho, trocando carícias, palavras ternas, doces e, apaixonadas. E, o avozinho ?! Sorrindo feliz e, eternamente apaixonado.
 
Suspiro e, por breves instantes sinto o aroma do teu perfume, escuto as tuas palavras sensatas, prudentes e, sábias, sinto as tuas mãos delicadas percorrendo o meu rosto e, acariciando os meus longos cabelos castanhos e, num sussurro confidencias a tua felicidade. Ergo o rosto e, sinto o teu laço ténue, delicado e, desperadamente desejado. Encosto o meu semblante ao teu e, murmuro a palavra Amo-te desejando-te um Feliz Aniversário.
 
Sorrio, sorris. Sorrimos os três.
 
Desabotoou o olhar. A serenidade é nesse instante o trajo que cobre o meu corpo e, a minha alma.
 

Comentários

  1. Ana querida,
    Seu texto é belissimo apesar da nostálgia que narra.

    Lamento muito a sua perda.

    Um beijo de carinho.
    Eduardo

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