Pedacinhos de Mim - III


Gosto de simplicidade e de solidão.

De pessoas autênticas e genuínas.

Gosto de olhares frontais e abomino os olhares sorrateiros e desleais. Gosto do timbre de vozes sussurrantes e não suporto vozes gritantes. Gosto de gestos inesperados e não aprecio acções espetáveis. Gosto da surpresa não anunciada e receio, sempre, a surpresa esperada.

Gosto do toque ! Toque de pele, toque de alma, toque de olhar e toque leve.

Gosto de saudações e de cumprimentos falados e ou vislumbrados na união de duas mãos à elevação do peito ou das mãos veemente apertadas, às mãos de leveza tocadas. Gosto de carinhos e aconchego nas horas felizes e nas horas angustiadas. Gosto da afabilidade, cortesia, delicadeza e não gosto de deselegância, frigidez e ou deferência. Gosto das palavras que ferem e são verdadeiras às palavras zelosas e traiçoeiras. Gosto analogamente de palavras de odores subtis e adocicadas no reverso do amargo de palavras de aromas desagradáveis e avinagrados. Gosto de sorrisos, risos e gargalhadas e não suporto as lágrimas derramadas que por vezes teimam em não me largar e ou ofertar.

Não gosto de pessoas derrotadas. Gosto de pessoas guerreiras e lutadoras que ultrapassam os obstáculos e ou os contornam com ousadia fazendo da sua vida um exemplo a seguir. Gosto da humildade de quem precisa apenas de um sorriso para ser feliz. Gosto da solidariedade de quem oferta o melhor de si em prol do bem estar de um qualquer nosso semelhante. Gosto da cumplicidade e sinto-me desconfortável com o reverso. Gosto de atitudes que revelam sensatez e não gosto de artificialismo. Gosto da maturidade da idade e simultaneamente lisonjeio a idade jovial. Gosto de crianças e de idosos que me brindam com a sua inocência e longa sabedoria.

Gosto de  instantes e momentos de intensidade independentemente da sua durabilidade. Gosto de sonhos e magia. De tiaras e de coroas. Castelos e fortalezas mas não gosto de clausuras e ou ambientes fechados. 

Gosto do dia e da noite.  É a noite que mais me fascina. Da noite estrelada e da sumptuosa rainha - a lua -. Lua cheia, lua nova, quarto crescente e ou minguante, confesso, todas as suas fases encantam-me.

Gosto do ar que respiro, da respiração ofegante e ou serena tantas vezes oscilante e que me identifica. Da intensa ventania, da chuva torrencial e do nevoeiro cerrado. Do frio, do gelo e da neve que se assemelha a longos mantos de branco algoadeiro.

Gosto da natureza árida e da vegetação monocromática. Gosto do mar, do rio, do pântano e de lagos mas não gosto de mergulhar na escuridão. 

Gosto tanto de tanto !... Do que me rodeia, coabita, priva e que são dádivas  que se desnudam inesquecíveis. Gosto de relembrar o quanto gosto do quê, como e de quem porque me faz sentir bem e me faz sorrir relegando para segunda instância quem, o que me magoa e me faz sentir desiludida, triste e, infeliz.

Ah?! E, também gosto muito de mim !

Comentários

  1. Gosto simplesmente da vida ,das suas palavras que me encantam ,muitos beijinhos no coração.

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    1. Emanuel Moura,
      E eu gosto da sua presença no meu Ballet de Palavras sempre trajada por palavras de encanto.

      Ana

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  2. Respostas
    1. Olá Pedro,
      "Ausência" não é sinónimo de "esquecimento".
      Agradecida pela sua presença.

      Ana

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    2. Pois...mas, como bem sabe, as plantas precisam de ser regularmente regadas...não basta pensar nelas...

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