Possuo um elo intenso com ele

A sua infinidade, quietude ou, turbulência proporcionam-me instantes exclusivos e, inexplicáveis.

Na época fria devoluto de pessoas e, possuído pelo tempo agreste que se faz sentir é a estação do ano que possuo maior sintonia. Desinquieto, revolto, fruído, por vezes, pelo nevoeiro que sobre ele plana desabotoando num manto de coloração branco, confundo-o com a linha do horizonte.

Observo as suas vagas rebeldes, desassossegadas e, irrequietas no seu enorme esplendor e, tacteio-o na areia húmida, indiciando-me, que algum tempo atrás a sua presença foi sentida e, a partida encetada. O odor e, o bálsamo que dele emana é indizível  com a excepção da fragrância da areia molhada nenhum outro o iguala.

Por vezes, é no período do dia no translúcido, cristalino das suas águas que debruço-me e, observo a imagem que traço. No reverso onde as angústias e, os meus temores se ofuscam.

Outras vezes, é no período da noite, sob o manto das estrelas, e, na presença da lua, notável rainha, que os meus sentimentos de alma são desnudados por tímidas junções de letras.  Palavras que associo nos meus pensamentos, imagens que retenho e, memorizo na minha lembrança.

Originalmente, assemelham-se a pequeníssimas gotículas, que se metamorfoseiam em gota e, posteriormente se misturam com a enorme lustre salgada renovando o meu estado de alma declarado ao imenso e, galardoado que me possuí e, cativa pelo singular bem-estar que sinto todas as vezes que com ele privo.

De noite ou de dia, sentada ou palmilhando o areal de braço dado com o calçado enlaçado nas minhas mãos frias e, gélidas pelo tempo agreste que se faz sentir oferto-me e usufruo de um momento, dissemelhante, que me extasia.