O dia resplandecente


Olhares (João Paulo Redondo)



... e, a brisa cálida que senti proporcionaram-me o entendimento que o dia se adivinhava quente. Trajei o rosto com os óculos de sol e, encetei o trajecto de casa para o emprego.

Sete horas, quarenta e, cinco minutos era a  hora assinalada no relógio, requintadamente, apenso na parede do hall da entrada.

Semblante alegre, timbre de voz envelhecido mas simpático fez-se ouvir num agradável e, sonante bom dia, assíduo. Retorqui … “Agradecida, um ténue e, delicado dia para si” e, prossegui na direcção ao elevador.

Premi o botão, a porta abriu-se e, o algarismo três foi premido e, as portas metálicas se uniram. Subitamente, um ruído se fez estridente e, o meu semblante, abruptamente, surpreendeu-se. O tremor semelhantemente, trajou-o.

Por instantes, fiquei inerte. Segundos depois, desobedeci à inércia e, os meus dedos tocaram o botão de alarme. Nenhum som se fez ouvir. Subitamente, o elevador moveu-se e, abruptamente estacionou no piso - 1 e, -2.

Repliquei e, elevei a voz. Nenhum eco se repercutiu. Debrucei-me e, desnudei no interior da minha mala o móvel e, reconheci a dispensa de rede. Digitei o número de emergência e, imediatamente uma voz se fez perceptível.

Sorri, suspirei, cerrei os olhos e, sussurrante implorei: “Por favor, importa-se de ligar para a minha empresa e, advertir que estou encarcerada no elevador entre o piso -1- e -2 roçando o limite da ostentação de serenidade. Sabe?! Sou claustrofóbica.".

Apressadamente a voz aquieta compreendeu-me e, permaneceu ao meu lado.

Retornados trinta cinco minutos e, vinte segundos pelo elevador encetei a saída e, lacrimosamente agraciei à voz acomodada do outro lado.

Comentários

  1. Há vozes ignotas que, em certos momentos, são a mais doce das melodias...


    Um beijo,
    AL

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  2. Bateu certa angústia ao ler.

    http://vemcaluisa.blogspot.com

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  3. Julgo que foi ter muita sorte ter encontrado na outra ponta da comunicação alguém que compreendia o problema. Não é todo o mundo que assim procede.
    Foram trinta e cinco minutos, no caso quase meia-vida, angustiantes mas reconhecidamente acompanhados.
    Eu, independentemente da claustrofobia, o confinamento far-me-ia suar as estopinhas e talvez perder alguns quilos de massa gorda
    (que, por sinal, talvez me fosse útil).
    Não desejo, por nada, que isso venha um dia a suceder-me. A minha arritmia iria provocar dificuldades respiratórias graves.

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  4. Ai bailarina...transpirei frio!
    Se me acontece um inusitado deste...
    Já sonhei por vezes a despencar de cima pra baixo.Ai..ai...ai!risos

    Obrigada pelo seu carinho e gentileza,
    no som do meu coração.

    Beijinhos de mim pra si.♥

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  5. Oi vi seu blog e o achei lindo!!!!
    Fiz um a pouco tempo!
    espero que gostes.
    desde já agradeço!


    http://serleitor.blogspot.com/

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  6. Guará Matos,
    As suas palavras são veracidades doloridas.

    Ana

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  7. AS,
    De facto existem vozes devolutas de rosto que são sumptuosas melodias.

    Agradecida e, lisonjeada com a sua presença no meu Ballet de Palavras.

    Ana

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  8. Vanessa,
    O sentimento que assolou o lado esquerdo do seu peito foi o mesmo que se acomodou no lado esquerdo do meu peito durante a minha nefasta vivência.

    Um laço sereno e, tranquilo.

    Ana

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  9. José,
    Sorri pelo sentido de humor expresso nas suas palavras, no mesmo instante, paralisei no entendimento do que uma situação semelhante poder-lhe-ia causar.

    Um laço enovelado no desejo de que situações semelhantes ao José nunca sucedam.

    Ana

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  10. Irlene,
    Surpresa requintada a sua presença no meu Ballet de Palavras.

    Um laço sorridente de mim para si.

    Ana

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  11. Priscilla C.,
    Agradecida pelo elogio expresso e, lisonjeada pelo convite manifesto.

    Ana

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