Diante da porta da minha entrada

… procurei as chaves, anteriormente, abrigadas dentro da minha mala. Num movimento ponderado cravei a chave na fechadura e, desobstrui-a com quatro movimentos precisos. O inicio de tarde, antevia-se solitário e, o lar devoluto era o que mais aspirava.

Cerrei a porta. Desnudei-me da gabardine e, do taylor pousando-os no assento do hall ao lado da minha mala e, a passos lentos encetei o trajecto para o meu quarto. Aos pés da minha cama, um acordar indolente se fez inteligível, um miar audível e, uma carícia minha em seu corpo estimulou um ronronar apetecível.

Sentada na margem da minha cama, elevei o rosto e, uma imagem espelhou um semblante extenuado. Inclinei-me, desnudei um e, outro pé das botas calçadas e, os trajes despidos avolumaram-se um a um a meu lado.

Depois, desloquei-me por entre o quarto, e, entrei na divisão apensa, subi o degrau e, desobstrui a torneira condimentando a temperatura da água amenamente e, apelando-a para um luxurioso e, refinado instante. Ela (água) consentiu e, eu desejei-a apaixonadamente. Vagarosamente, deixei que me sentisse e, sentia-a semelhantemente. Lentamente, deixei que me tocasse e, toquei-a igualmente.

Momentos depois, retrocedi ao meu quarto.
Desnudei o meu leito e, trajei-o com o meu corpo. A cama acolheu-me como sua companhia íntima. Postura de lado, uma perna estendida e, a outra encolhida, rosto debruçado na minha almofada, senti uma dengosa moleza felina afagada pelo edredão de penas e, apetrechei o meu adormecer por breves instantes.

Cerrei o olhar, suspendi o acordar e, apelei ao adormecido. O corpo cedeu e, a alma escoltou-o. O leito testemunhou e, o repouso regenerador idolatrou-me.

Comentários

  1. Gostei muito do seu texto...tão bonito.

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  2. Kamilla,
    Agradecida pela delicadeza das suas palavras.

    Ana

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  3. Com tantos progressos da ciência, computação e imagem...
    ...
    Como ainda não inventaram uma aplicação (talvez capacete) que, ao mesmo tempo que íamos lendo o texto, nos transportasse para a imagem integral e nítida daquilo que estivessemos a ler, sem precisarmos da "imaginação". Que bom seria!
    ...
    Depois adoraria ser o "gato" com felino miar, com dengoso ronronar a cada carícia que me fosse feita. E adormeceria encostado à perna quente "da minha dona".
    ...
    Como tudo nada mais passa de imaginação,
    contento-me com os meus gatos que, devido às carícias que lhes dou, agem do mesmo modo.
    ...
    Imaginar! É proibido?
    Ou também vai ter que pagar imposto?

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  4. José,
    Sorrisos florescem nos meus lábios pela leitura das suas palavras.

    Quem sabe um dia?! :) Aprazível conhecimento na contestação que o José também priva desses delicados e, doces animais.

    Um laço delicado e, desejos de um dia feliz.

    Ana

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