De semblante tenso



... enxergava os seus movimentos ténues e, delicados no meu peito e, denotava semelhantemente um receio difícil de dissimular. Em pé, defronte dele, examinava no mesmo instante o seu rosto por uma expressão que indiciasse o que iria escutar.

O ritmo cardíaco no lado esquerdo do meu peito, sentia-o acelerado. Instantes depois num timbre de voz seguro as letras que formaram as palavras proferidas misturaram-se e, no raciocínio que assomaram ao meu pensamento trajaram-se revoltas, irrequietas e, embaraçadas no momento em que as escutei. 

Sentada, defronte dele escutava-o com a atenção redobrada e, a maneira simples e, delicada na pormenorizada demonstração chegou a mim de certo pela forma como ele desejava e, da forma que mais temia.

Confesso. Não estava preparada. No meu subconsciente acreditava que aquela consulta seria a última ... aquela por tanto ansiei nos últimos meses. Apreendo que a felicidade e, o prazer que sinto pela vida e, que transporto pela magia como privo e, sinto quando manifesto por palavras, acções ou actos, transporta-me para um mundo onde sendo a personagem principal os exteriores são personagens coniventes das minhas emoções. E, é por isso que por vezes, às vezes, muitas vezes que essas emoções florescem e, revelam de mim o que interiormente o meu subconsciente alberga, naquele instante, sob o meu rosto floresceram gotículas de lágrimas que envergonhadamente tentava disfarçar ao seu olhar.

Senti-me débil, cansada, entristecida e, amargurada quando pela porta da entrada saí. Na fila estendi autonomamente o cartão da consulta e, de semblante baixo aguardei irrequieta a marcação de novos exames e, posterior consulta. Um desejo se apoderou de mim queria sair do IPO o mais rápido possivel. Abrir a porta de par em par para o acesso à rua, e expirar o ar puro que parecia escassear-me. Caminhei três passos e, sentei-me no banco do jardim. Cruzei as pernas, coloquei a mala no colo e, olhei as árvores que oscilavam pela brisa que se fazia sentir. Inspirei, expirei, e suspirei. Semblantes desconhecidos passavam apressados por mim. Levantei o rosto e, observei o céu límpido, sem núvens e, um inesperada tranquilidade apoderou-se de mim.

Levantei-me e, vaguei absorta nos meus pensamentos pelas ruas sem destino definido. Precisava de estar só. Precisava de tempo para equilibrar as tumultuosas emoções que se apoderaram vertiginosamente de mim.

Subitamente o meu móvel tocou e, hesitei por segundos a atender ... demorei ... num gesto consciente, atendi e, numa voz serena repliquei falamos depois. Mais tarde, auferi uma sms da minha filha "mãe precisamos de conversar, és uma grande mulher e, vai passar".

Recordei, nesse instante, os momentos vivenciados,  a força auferida e, ofertada de todos os que privam comigo. Pensei nos instantes futuros que advém.

Estremeci e, sorri. Nesse momento senti-me um ser delicado mas de textura semelhante a um diamante fortificado. Quando não estamos sozinhos, quando amamos e, nos amam, quando admiramos a vida e imperioso que o tempo nos conduza a um diamante fortalecido.

Neste instante é assim que me sinto!

Comentários

  1. Querida amiga

    Há tanta intensidade
    nestas palavras,
    que só a vida
    de quem as deu origem,
    pode comentá-las...

    Que a alegria seja
    um rio a correr
    em tua vida.

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  2. Aluisio,
    Agradecida pelas suas ternas palavras e, pelo seu desejo escrito.

    Ana

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  3. É muito bom quando nos sentimos assim. Infelizmente, neste momento sinto-me mais como um pudim de gelatina que pode partir-se a qualquer momento.
    Uma boa semana

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  4. Carlos,
    Agradecida pela sua presença. Desejo e, espero que o seu estado de alma seja passageiro.

    Ana

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