Com expetativa alvoraçada


... observara por entre a vidraça o despreendimento vagaroso do dia dos braços da noite. Chuvoso, melancólico e, triste semelhante ao estado de alma que assistia-lhe. Semblante pálido, olhar desabitado e, alma dolente prostrara-se diante da nascença do dia por tempo indeterminado.
 
Mais tarde e, lentamente, encaminhara-se para a sala, contraíra o seu corpo no sofá e, tapara o seu rosto fatigado. Extenuada, enfraquecida,  sentira o enlanguescer num fervor tórrido alternando com gélidas sensações que irromperam pelo seu corpo apoderando-se da sua mente dolosas tonturas, semelhantemente.
 
Cerrara o olhar.
 
No seu subconsciente, ela descobrira com o tempo que a vida nem sempre é um conto encantado como lhe narraram na sua infância e, nem sempre um conto assombroso como lhe falaram na idade em que deixou de ser criança e, passara a ser mulher amadurecida. Com o tempo ela descobrira que acontecimentos ruins e, cruéis existem e, o reverso é uma veracidade que assiste-se. Com o tempo descobrira que pessoas impiedosas e, malévolas subsistem e, benévolas e, piedosas persistem. Com o tempo ela descobrira que depende única e, exclusivamente dela a permissão e, ou proibição delas na sua vida.
 
Silenciar ?! Gritar ?!
 
O silêncio adornou os seus lábios, o sussurro empalideceu o olhar ... o seu subconsciente incomodou débeis e, cruéis, semelhantemente, fortaleceu o seu ego.
 
                                                                                         Por quanto tempo ?! Não descobrira, ainda ...

Comentários

  1. Gosto!
    Ainda estou "embrulhado" nas palavras. Há textos que nos deixam dentro.
    beijinho

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    1. Henrique,
      Agradecida pelas suas palavras! :)

      Um beijinho de admiração de mim para si.
      Ana

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  2. Ah, como é bom sentir a dança das suas palavras. Palavras que dançam numa música única, maravilhosa! Beijos, beijos, nobre Amiga!

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    1. Machado de Carlos,
      Gentileza, sua.

      Agradecida pelo seu carinho. :)
      Ana

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  3. Poderosas as suas palavras , Ana que me tocam profundamente tal a intensidade da emoção que a inspiraram a escreve-las.Silenciar...nunca! Silenciar apenas o que enfraque-se , mas que nos deixa mais fortes. Beijos Ana . Carla Matos

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  4. "[...] pessoas impiedosas e, malévolas subsistem e, benévolas e, piedosas persistem.[...]

    Pessoas que não sabem ser outra coisa senão elas mesmas

    Um beijo de outros tempos para si Ana,

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  5. Gostei bastante. Belas palavras. Visite o meu:http://almapapel.blogspot.pt/

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  6. Acabei de conjugar o verbo bailar nesse teu texto. Foi muito prazeroso revisitá-la! Quando der, passe em Lectando-me.

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