Ela trajava um vestido de coloração castanha

... sapatos e, mala da mesma cor. Os seus ombros adereçados por um lenço bem longo e, largo de coloração bege encobriam o decote do seu regaço e, dissimulavam o ritmo acelerado do seu  batimento cardíaco. Seus encaracolados cabelos loiros e, soltos acarinhavam o seu semblante pela brisa que se fazia sentir.

Observou-o de longe, e, o reconhecimento foi imediato.

Vagarosamente, ela abriu a porta do automóvel e, saiu. Imóvel com os braços alongados pelo seu corpo e, nas suas mãos  crispadamente e, dianteiramente a sua mala. Aguardou a sua chegada.

Subitamente, e, surpreendentemente a surpresa tomou-a de assalto nos seus movimentos e, no seu timbre da voz  que temente, e, acanhada não conseguiu balbuciar qualquer palavra. Ocultamente por baixo da echarpe acastanhada o ritmo cardíaco insistia em acelerar, descompassadamente, enquanto no seu pensamento um mesclado de palavras entretinham-se a brincar de faz de conta e, à apanhada. O abecedário tresmalhado não agenciava articular palavras.

Ele aproximou-se. Trajava uma roupa casual, camisa de coloração negra, calças de gangas e, ténis. O seu rosto, visivelmente, mais magro denotova um sorriso conhecido, majestoso e, inesquecível. Perspicaz, sorriu e, dirigiu-lhe a palavra. Vagaroso, e, extenuado o abecedário domou-se e, as palavras pouco a pouco passaram a ser pronunciadas por ela e, inteligíveis para ele. Gestos e, olhares rematavam o momento partilhado e, sentido.

Os segundos, os minutos, as horas, caminhavam por entre sentimentos impressos e, tatuados no lado esquerdo do peito de ambos. A fortaleza dele contrastava com a nudez que trajava a insegurança dela.

Às vezes, por vezes, muitas vezes a emoção traquina e, travessa desafia a  razão. Ela sabia-o bem!  No entanto, os motivos reais e, insolúveis da sua razão impuseram-se à sua intensa emoção.

Na despedida, a tristeza velava o sentimento tatuado no lado esquerdo do peito dela e, pensamentos ocultavam-se na memória do homem que assentado a contemplava quando a despedida foi dolorosamente estreada num tempo que não era dádiva, e, já fora oferenda passada.

Emoções semelhantes. Razões dissemelhantes trajaram o futuro interditado a ambos.

Comentários

  1. Bailarina querida, e quantos há com futuros interditados, quantos não se permitem.Dolorosas lembranças consequências de razões distintas.

    Saudades de rodopiar no seu Ballet de palavras.

    Um cesto com flores silvestres das Minas Gerais, deixo na entrada do seu Ballet.

    Beijinhos carinhosos de Irlene

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  2. Irlene Querida,
    Um sorriso iluminou o meu semblante pela sua presença e, pelas doces e, ternas palavras que ofertou-me.

    Agradecida pela sua oferta e, delicadeza.

    Um laço de cetim semelhante ao lindo sorriso que adorna o seu rosto.

    Ana

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