Despertei da noite

... com um sentimento aliado no lado esquerdo do meu peito. Sem pressa, levantei-me, trajei, o meu corpo com o roupão que pernoitara na "senhoria" apensa do meu lado e, calcei as pantufas que repousavam ordenadamente no chão.

Encaminhei-me para a vidraça do meu quarto, vagarosamente, desabrochei os estores e, espreitei o tempo que se fazia sentir. Nebuloso, chuva intensa e, aragem fria identicamente ao estado de alma que me assistia.

Voltei as costas e, saí.
Instantes depois, sentei-me confortavelmente no sofá da minha sala. O silêncio era quebrado pela chuva que colidia violentamente contra a vidraça. Assustado e, apressado quatro patinhas se aproximaram de mim. Sorri. Declinei-me, peguei-o carinhosamente e, aconcheguei-o docemente no meu regaço.

Sentia-me exausta. Uma lentidão adereçava os meus sentidos e, o meu corpo desnudava-se de alento. Uma morosidade indesejada mas verdadeiramente sentida. Porque seria?! Porque será que existem dias, noites, instantes e, ou momentos que a minha alma se fadiga e, o meu corpo a ela se alia?!

Alteio o rosto e, enxergo pelo interior da vidraça, atenciosamente e, detalhadamente o vento que ferozmente e, rudemente afaga os esguios ramos das árvores que balançando abruptamente se assemelham a uma dança ritmada. Nesse exacto instante, relembro, dos passarinhos recolhidos nos seus ninhos. Silenciosos ... mudos, apreensivos e, receosos pelo balançar dos seus retiros.
 
Identicamente, é assim que me sinto!

Desvio o olhar e, declino o rosto. Observo o meu quatro patinhas adormecido ronronando no meu regaço. Imóvel permaneço receando despertar os seus sentidos e, entrego-me à lassitude oferecida sem resistência.

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