O dia desprendeu-se da noite, vagarosamente e, dengosamente

e, por entre as brechas dos estores do meu quarto, o sol acariciou o meu semblante e, os meus olhos desabotoaram-se, dengosamente. Sonolentamente, espreguicei-me, demoradamente.

Depois, declinei-me de lado sob a mesinha de cabeceira, do meu lado, desabotoei a gaveta primeira e, peguei no meu moleskine de coloração preta, na minha caneta dourada e, acomodei-me na minha cama sustentada pelas minhas almofadas.
 
Subitamente a tua presença desejada, aguardada, se fez chegada.
Cerrei o olhar.
Presenciei o teu rosto, a coloração mel do teu olhar, o teu sorriso luxuriante despertando nos meus lábios um sorriso semelhante e, o teu cabelo acinzentado lembrando graciosos algodoeiros brancos. As tuas mãos enrugadas, compridas, e, os teus doces carinhos. Relembrei o teu timbre de voz baixo, inconfundível, inesquecível, proferindo palavras sábias, murmuradas e, ou exaltadas quando as reprimendas eram necessárias.
 
Coloquei de lado o moleskine, e, a minha caneta dourada. Afundei o meu corpo no leito, postura de lado, enlacei, duas, das minhas almofadas macias e, delicadas e, ofereci-me à nostalgia que acomodou -se do meu lado.
 
Sabes?! A tua ausência, dói. Dói todos os dias, todos os instantes, e, todos os momentos em que a tua lembrança se acomoda do meu lado. Mas, hoje?! Hoje a dor é desmedida e, o meu coração debilita-se pela saudade que rítmica o meu coração quebradiço e, debilitado. A carência que sinto de ti é incalculável. Lágrimas deslizam pelos meus olhos e, acariciam o meu rosto triste, soluços emergem da minha garganta sufocando o ar que alimentam-me.
Demando a pausa!
Logo mais quando o dia se entregar nos braços da noite e, a noite deslumbrantemente se desnudar, observá-la-ei, pormenorizadamente. Perscrutando a lembrança das tuas palavras passadas contemplarei o céu e, procurarei de entre todas, a estrela mais cintilante, brilhante e, sussurrantemente desejar-te-ei  avôzinho um Feliz Aniversário.

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