O dia de ontem tinha sido possuído pela noite

... quando retornara a casa. Na mente reminiscências do tempo recentemente passado. O local escolhido e, a companhia cumplicemente querida desdenhavam, ainda, no seu semblante um sorriso apetecido, extraordinariamente, desejado.

Envergava um vestido, ajustado, de coloração preta, sapatos de salto altos e, mala de coloração cinzenta. O seu busto era adornado por um pendente pequeníssimo de coloração preta e, no dedo anelar da mão esquerda da sua mão delicada um anel de coloração igual. Nos seus ombros uma encharpe longa encobrindo o decote do seu regaço pronunciado. O seu perfume criteriosamente escolhido – Estée Lauder – Private Collection – .

Chegara á hora agendada. Encetou a entrada e, observou o seu interior decorado requintadamente, ornamentado por uma luminosidade delicada, ténue e, um melodioso som ambiente. Junto à vidraça onde o mar era ternamente aliado, numa mesa recôndita, adornada por velas. Observou um semblante. Subitamente, ele, declinou o rosto e, voltou-se, os seus olhares cruzaram-se, o reconhecimento, mútuo, foi imediato. Ela sorriu. Ele correspondeu. Ela aproximou-se, vagarosamente, ele elevou-se e, um laço apertado, dois beijinhos em cada uma das faces selaram a saudação de ambos desejada.

Gentil, distanciou a cadeira e, ela sentou-se, timidamente. Pousou a mala nas traseiras do assento  colocou o seu móvel por cima da mesa de refeição, desdobrou o guardanapo e, depositou-o no regaço. Olhou-o de frente e, nervosamente. Admirou o seu rosto adornado por tímidas rugas de expressão, a coloração do seu olhar azul, o mesmo sorriso sedutor numa boca delineada a rigor, o mesmo corte de cabelo, anteriormente, de coloração loura e, presentemente, diferenciado por escassos cabelos grisalhos, um  perfume agradável que caracterizava o homem presente e, outrora menino. O mesmo timbre de voz, sensual e, enrouquecido de quem ela se lembrara.

Tinham passado vinte e, quatro anos desde que perfilharam o mesmo liceu. Uma eternidade fruída por rememorações longínquas e, inesquecíveis. O passado, nesse instante, desnudava-se num presente lado a lado.

A cumplicidade e, o prazer foi o mote iniciado e, continuado do encontro pré agendado. Sorriram, gargalharam e, insistentes instantes emocionaram-se nas lembranças passadas e, secretas refugiadas no lado esquerdo do peito.

Inevitavelmente, relembrei-o de um final de dia detentor de chuva intensa trajado na memória do meu primeiro beijo de amor. Ruborizei. Encorajada pelo seu interesse questionei-o, se teria sido semelhantemente o seu primeiro beijo de amor. Um sorriso desassossegado confirmou-o. 

Surpreendi-me! Afinal ele era o menino mais cobiçado da escolinha e, entre nós apenas existira o nosso primeiro beijo de amor?! Confessei-lhe as minhas impressões nas  memórias do meu primeiro beijo e, declaradas no meu blogue. Confidenciou-me a presença futura na leitura das minhas memórias.

Após o aprazível convívio, a despedida foi trajada pela certeza e, o desejo que num futuro longínquo ou recente um novo encontro desnuar-se-ia tranquilo, sereno e, docemente apetecido,  apesar, das nossas vidas divergentes.

(Um agradecimento, especial, a ti, querida, que proporcionas-te-nos um reencontro memoriável) 

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