Um rosto, um corpo, uma idade ...

... um carácter dissemelhante ...

Semelhante, apenas e, só o seu estatuto “Criança”.
Crianças são pérolas preciosas, pedacinhos de cristal e, ou diamantes lapidados, portadoras de sorrisos sublimes e, ou lágrimas atormentadas, são seres frágeis e, débeis na tenra idade mas fortemente detentoras de sentimentos que estimulam, consolidam a quem com como eu têm o privilégio de partilhar o respeito, admiração, carinho e, o inextinguível sentimento do verbo amar - escrevi em tempos -.

No entanto, existe um pedacinho de cristal, tristemente, quebrado, disseminado e, espelhado na minha alma, desde o dia fatídico 2 de Março, data que assinala o dia em que um menino de seu nome Leandro, 12 anos de idade, exausto das agressões físicas e, psicológicas por parte dos seus colegas de escola ameaça lançar-se da ponte, o irmão persegui-o e, impedi-o. Mas o Leandro, degrau a degrau desce até à margem do rio, decidido a morrer, despe-se e, lança-se ao Rio Tua. Na margem do rio, o segundo estava decidido a salvá-lo mas não conseguiu.

O suicídio do Leandro chocou o país, e, chocou-me a mim, similarmente.

Faço pausa!

A esta violência apelidamos de “Bullying” e, o Leandro é apenas um dos rostos de uma tragédia que se movimenta em silêncio nos dias de hoje. Todos sabemos que muitos “Leandros” existem no seio escolar. O que não sabemos é quantos mais gritos de revolta serão necessários para cessar de forma abrupta e, urgente este flagelo.

Fiz pausa, faço silêncio e, tremo na dúvida que assola-me no lado esquerdo do meu peito e, na lembrança de ti … Leandro.
 

No entretanto, peço-te: "... Desculpa Leandro!... Quando as nossas crianças nascem, por vezes, esquecemos de alertámo-las durante o seu crescimento que lamentavelmente coabitamos um Mundo devoluto de acções e, sentimentos onde a respeitabilidade é nula na subsistência pelo nosso semelhante. Muitas vezes omitimos que enquanto o “Homem” não apreender a respeitar-se e, enveredar pela consideração mútua a dor é presença assídua no coração daqueles que ainda se regem pela dissemelhança … A minha dor é desmesurada pela incapacidade que sinto de termos-te impedido de continuares a desejar ser o “ser” sublime que és “criança”. Uma mãe ... Ana."