Por detrás da vidraça da minha sala

Enovelava nas minhas mãos a minha chávena de chocolate quente e, fumegante. De quando em vez, elevava-a aos meus lábios e, por entre um e, outro sopro sorvia o líquido quente que dela emanava. 

Elevava o rosto e, observava detalhadamente a noite.
O céu noctívago adereçado pelas estrelinhas e, a lua oponente rainha proporcionavam o deslumbre do momento.

Simultaneamente, observei o relógio apenso no lado esquerdo do meu pulso, e, atestei a hora tardia de recolher ao meu leito.

Retornei à cozinha e, poisei a chávena vazia.
Silenciosamente, encaminhei-me para um e, outro quarto e, certifiquei-me que ambos dormiam tranquilamente. Um aprazível e, assíduo gesto carinhoso no aconhego do edredão nos seus corpos dormentes, um delicado, prolongado, beijinho nos seus rostos e, sussurei uma noite delicada e, terna. Encaminhei-me para a saída, segurei o puxador e, voltei o rosto detentor de um fugaz olhar e, clausulei, silenciosamente, uma e, outra porta na despedida da noite que iniciara.
Pé, ante, pé, entrei no meu leito.

O candeeiro da rua emanava por entre a vidraça do meu quarto uma luz ténue, delicada e, aconchegante. Defronte do espelho desnudei-me um a um dos meus adornos, e, agasalhei-os religiosamente na caixinha colocada por cima do meu toucador. Peguei na escova, e, escovei demoradamente os meus longos e, encaracolados cabelos louros.

Observei, detalhadamente, o meu rosto e, corpo.

O espelho presententou-me com um olhar, meio menina, meia mulher, e, meio tranquina e. o reflexo do meu corpo esguio de pele clara e, o rosto desenhado por traços delicados e, firmes adereçado pelos meus olhos expressivos e, boca desenhada despertara no meu semblante um sorriso magnificente possuído pela serenidade, paz, harmonia e, emoção que melodiosamente e, ritmadamente inundava o lado esquerdo do meu peito – o coração - .

Abaixei, elevei o rosto, confrontei-o de novo e, apreendi, nesse instante, que o reflexo tornara-se mais veemente e, cintilante. Detentora de um sorriso rasgado elevei as mãos enoveladas à altura do meu queixo, declinei o rosto, cerrei o olhar,  rezei e, agradeci-LHE.

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