Carta rasurada, destinatário definido ...


... de envio interrompido …

Hoje, particularmente, assinala-se o teu dia. E, hoje, semelhantemente, a fortuitos dias a tua lembrança traja os meus sentidos pela rememoração da tua inexistência na minha vida.

Hoje, sinto a tua ausência, dissemelhantemente ...
E, relembro a tua carência na minha infância tocante ao meu primeiro passinho … à minha primeira palavra … ao aparecimento do meu primeiro dentinho, do meu primeiro sorriso ou a minha primeira gargalhada … A ausência nas diversões com a minha primeira “barbie” de nome Mafalda, a perda trágica do meu peluche preferido, o desmame da minha chucha, das histórias de embalar, dos temores noctívagos ao deitar, do estado febril ou da rotina médica ao pediatra ...

E, ainda, da tua ausência no meu primeiro dia escolar em que não viste o meu delgado corpo trajado por um vestidinho cor-de-rosa e, do meu cabelo loiro extenso, encaracolado, adornado por uns totós de coloração análaga … a ausência na aprendizagem das primeiras letras do abecedário, o A, B, C, dos números inefáveis da matemática e, o segredo confesso do meu primeiro amiguinho …

Ou ainda, a ausência da tua presença na minha adolescência, do pânico provocado pela primeira acne no meu rosto, dos primeiros óculos que o trajaram … do primeiro batom adornando os meus lábios, do primeiro soutien, do primeiro namorado, da primeira desilusão amorosa e, da perda da minha virgindade ...

Ausência … Inexistência … Carência .... poderia continuar … mas, sabes?! O vazio que existe na minha alma … impede-me de avançar …

Comentários

  1. PAI é sempre uma memória que perdura pelo infinito!
    Um lindo texto.
    Como te admiro!

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  2. Carlos,
    Agradecida pelo seu comentário.
    Partilho da sua opinião. "PAI" é de facto uma memória que perdura pelo infinito da nossa existência, independentemente, da lembrança que nos envolve.

    Ana

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