A data comemorativa do meu aniversário ...

... é uma mordomia à qual habituei-me e, de que não abdico. Consciente do prazer que sinto, enalteço-me, comovo-me com declaradas manifestações de ternura, carinho e, afecto presentes o ano inteiro, mas, que nesse dia se relevam pela presença corporal que detenho.

De todas as comemorações, a celebração da data de nascimento é a data que fruo, propicio e, partilho com um deleitoso prazer enaltecido. Celebrar um nascimento e, posteriormente as datas futuras são dádivas que a vida gentilmente oferta-me e, perante a qual sinto-me agraciada. Este ano o meu aniversário foi comemorado semelhantemente a outros ternamente passados.

O dia anunciou-se, maravilhoso, detentor de uma brisa delicada e, temperatura amena. O período da manhã resgatado e, usufruído por mim em doces mordomias. O período da tarde expectante no preparo da noite comemorativa.

Á noite, á hora delineada, afectuosos convidados pela porta da entrada fizeram notar a sua presença desejada, possessores de lábios risonhos, o bem-estar era visível em seus rostos, cumulativamente, lembranças enoveladas por mensagens escritas se faziam visíveis.

Vagarosamente e, requintadamente o aparador do hall da minha entrada adornava-se, e, no mesmo instante, uma oferenda, rara, especialíssima e, perceptível conquistava o sentido dos convivas na delicia do sentimento auferido no lado esquerdo do meu peito quando obsequiado.

Pequeníssimo de tamanho, volumoso, confeccionado por delicadas mãos portadoras de imensas artes, com papel de lustro, incredulamente, o presente assemelhavam-se a um ramo de flores artesanato. Um laço de coloração branca selava-o e, apenso um cartão amarelecido e, reciclado manualmente escrito - “Sabemos o quanto estimas flores … sabemos o quanto te desgostas em auferir flores naturais, e, quanto repeles as artificiais, hoje, no teu aniversário, confeccionamos e, oferecemos-te um ramo de flores manuais e, invulgares. Parabéns, mamã” .

Apreendi que a sedução expressa num jardim possuidor de flores, colorações multicolores e, odores diversificados é a “vida” que nele governa … Um ser vivo, lacerado, rasgado, do seu “habit” e, ofertado sem circunstância de sobrevivência é, semelhante a uma morte vagarosa e, anunciada.

Volvidos, um mês e, alguns dias …
O ilustre presente detém-se no hall da minha entrada, admirado e, adereçado por um solitário de pé alto, relembrando, quando o observo... o deleite, a convicção que sinto na sapiência da aprendizagem que imprimo aos meus delicados cristais.