Desejos sentidos do lado de dentro da minha sala

Sentada comodamente, senti o calor que emanava da lareira acesa que adornada e, ternamente enfeitiçada realçava toda a sua beleza. A atmosfera sentia-a amena e, sofisticamente requintada.

No canto a minha majestosa rainha, com as suas vestes multicolores de cores vermelha, verde, dourada, e, coroada de cores luzentes, seduzia-me ternamente e, vagarosamente a cada piscar das suas luzes que cintilavam ao sabor do som natalício que se fazia sentir em  mim. O presépio composto, iluminado, criteriosamente adornado e, colocado em lugar de destaque era ternamente, observado por mim.

Pensamentos assolavam a magia do momento e, desejos se tornaram presentes na minha mente a cada cintilar da luz da majestosa rainha … em substituição do conflito, a paz … em substituição à miséria, a bonança … em substituição à aversão, o bem-querer ... em substituição à calamidade, a acalmia ... em substituição ao isolamento, a parceria … em substituição à solidão, a companhia … em substituição ao sofrimento, o deleite … em substituição à lágrima de uma criança, um longo e, doce sorriso ... em substituição à melancolia, o júbilo … em substituição ao frio, a soalheira lareira … em substituição à vida, o saber viver ...

Suspirei.

A atmosfera, anteriormente, amena, tornou-se quente. Ergui-me, pousei delicadamente a taça de vinho que apreciei despedindo-me da rosa que jazia no aparador da entrada da minha sala e, cerrei a luz, desabriguei-me.  Volvi o rosto e, perante a tenue luz que emanava  num ultimo olhar, constatei que a majestosa Rainha, mantinha-se no mesmo lugar … a lareira ardia em chamas … O meu coração sentia-se expectante e, dos meus lábios brotaram num murmúrio, um novo desejo  … “Que a paz desça sobre o coração dos Homens … “  a caminho do meu leito, vagarosamente e, silenciosamente recolhi-me. 

Comentários

  1. "a caminho do meu leito, vagarosamente e, silenciosamente recolhi-me..."
    ...
    Recolhi-me nos meus pensamentos, nas minhas crenças e descrenças, nos meus anseios, nas minhas esperanças.
    Porquê para cada coisa má temos que ter "outra em substituição"? Porquê prevalecem as coisas más?
    Penso nas luzes, no presépio, nas imagens.
    Tomara que as coisas más fossem tão somente imagens irreais, desfocadas e distantes. Mas, infelizmente, são pura verdade. Para tudo, temos que contrabalançar com sucedâneos, com substituições que nem sempre são verdadeiras oposições e não atinjem o objectivo para que foram criadas. Criadas? Não, as coisas más é que foram criadas em contraposição às boas.
    Aí revolto-me, enervo-me, viro-me vezes sem conta no meu leito, custo a adormecer.
    E repito incessantemente a pergunta:
    "Porque é que este Mundo tem que ser assim cruel?".
    Depois de muito cansaço, adormeço sem deixar de ter alguns pesadelos desconexos, que atrapalham ainda mais o meu sono e me fazem acordar com o corpo como quem apanhou uma tareia.
    Sim, as tareias deste mundo são terríveis!

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  2. Depois do primeiro comentário só me resta lhe dizer o quanto te admiro!
    Parábens, mais uma vez
    Que continue dançando por aqui e tornando o mundo virtual um lugar mais belo para se navegar

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  3. Joe Ant,
    Lamentavelmente não possuo resposta às suas delicadas questões e, a tristeza é o sentimento que se aloja no lado esquerdo do meu peito na convicção que dificilmente as terei.

    Um laço enovelado de sentimentos serenos e, tranquilos em reverso aos sentimentos que possuímos todas as vezes que nos debruçamos na ruindade e, malvadez que assistimos.

    Ana

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  4. DM Rangel,
    Agradecida. Sabe Rangel?! Semelhantemente, todas as vezes que observo os seus escritos que desfilam atentamente perante o meu olhar a um delicado “ballet” associo-os. Na plateia, a minha presença lisonjeia-se e, enaltece-se pela beleza intrínseca das suas palavras.

    Um aplauso ao protagonista pelos momentos apreciados.

    Ana

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  5. O meu comentário...
    vai virar post.
    ...
    Lindo ter incluído:"Poema ao Menino Jesus"
    Todos imbuídos pelo mesmo coração.

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