O seu nome ?! ...
Instantes depois, com destino definido, caminhava por entre as pedras da calçada quando o meu olhar se debruçou num corpo sentado num dos bancos de jardim do caminho que percorria.
Por instantes, o nosso olhar se cruzou … um sorriso aflorou no seu rosto e, dos seus lábios um som se fez ouvir imperceptivelmente. Olhei ao meu redor na incerteza se seria para mim … depois debrucei de novo o meu olhar no seu e, com a convicção que era para mim, vagarosa e, temerosa aproximei-me.
Com um gesto arrastado convidou-me a sentar-me ao seu lado.
- O meu nome é Maria. O seu ?
- Ana … respondi.
- Ana tem um pedacinho de tempo para mim?! balbuciou …
- Ana tem um pedacinho de tempo para mim?! balbuciou …
Sentei-me, contornei o meu corpo e, admirei-a. O seu corpo era delgado, o seu rosto estigmatizado pela vida … as suas mãos enraizadas do longo tempo vivido. Subitamente, Maria pegou numa das minhas mãos e, acariciou-as com as suas rudes de aspecto e, delicadas no trato. Nesse instante, o meu corpo estremeceu … o meu rosto crispou-se e, gotículas lacrimais se fizeram sentir …
Sem pressa a Maria iniciou o diálogo e, confessou pequenos momentos da sua infância, da sua adolescência e, da sua velhice nos minutos longos, constatados quando nos despedimos depois.
À maioria dos idosos de hoje não lhes foi dada a oportunidade de usufruírem de uma velhice sonhadora, terna e, ou encantada… a velhice merecida.
A vida é feita de reversos … E a nossa é um espelho fiel que retrata a forma como pensamos, comportamo-nos e, agimos ao longo dela.
Actualmente, não tenho a menor dúvida relativamente às necessidades basilares de alguns dos nossos idosos. Carências múltiplas … A solidão, o requisito de uma palavra de conforto, um acto carinhoso e, ou ainda outras privações de índole, igualmente, relevantes… as financeiras, físicas e, psicológicas … sequelas que o tempo amargamente deixou… Uma vez mais constato que a velhice é carente de conforto, de agasalho … de carinho sobre todas as outras carências múltiplas que mencionei. Deploravelmente, apercebo-me que a sociedade e, ou actos solitários são importantes mas ainda débeis na resolução desses problemas.
A Maria ficou serena, calma e, sorrindo ...
Eu parti vagarosa e, triste no retorno a casa acompanhada pelo desejo de transmutar os contos aterradores da "velhice" em contos de fadas encantado …
Querida amiga bailarina...
ResponderEliminarÉ por isso que precisamos de escritor, poeta de palavras como estas.Eles sabem que, qualquer coisa que fizerem estará dando conforto,além disso, amenizará a solidão daqueles que os lêem e os levará a uma reflexão.
"Quando tiver 100 anos, qualquer coisa que fizer, seja um ponto, seja uma linha, terá vida" (palavras de Hokusai,pintor japonês)
Carinhos bailados.
Agradecida por tudo
IT,
ResponderEliminarO seu comentário traduzindo o seu pensamento é semelhantemente às palavras lindissimas e, verdadeiras de Hokusai.
Um laço carinhoso de mim para si.
Ana